sábado, 21 de julho de 2012

Juiz de Fora: centro de referência cultural para municípios das adjacências


Juiz de Fora, a maior cidade da Zona da Mata Mineira com 497.778  habitantes,  é hoje referência em diversificados âmbitos das políticas públicas, comércio, empregabilidade, lazer e gastronomia. No que se refere ao objeto deste estudo, conta com diferentes tipos de instituições culturais mantidas pela iniciativa privada, religiosa, civil, por associações através de leis de incentivo estadual e federal, patrocínios, cooperação internacional ou contribuições, pelos Pontos de Cultura, subsidiados pelo governo federal, espalhados pelos bairros e principalmente pelo poder público municipal. Pelas limitações desta pesquisa foi impraticável mesmo citar todas as redes de museus e centros culturais, mas a título de ilustração expõe-se aqui as de maior abrangência: Arquivo da 4ª Brigada de Infantaria Motorizada, Arquivo de Clodesmidt Riani, Arquivo da Paróquia Nossa Senhora da Glória, Arquivo da Congregação Redentorista, Arquivo Histórico de Juiz de Fora, Arquivo Histórico Arquidiocesano de Juiz de Fora, Arquivo Histórico do Museu do Granbery, Arquivo Histórico da UFJF, Associação Ítalo Brasileira San Fracesco di Paola- Casa D’Itália, Associação Comercial, Associação de Cultura Luso-Brasileira, Biblioteca Municipal Murilo Mendes / Setor de Memória, Biblioteca de Vanderlei Tomaz, Casa de Cultura da UFJF, Casa do Pequeno Artista, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), Centro Cultural de Benfica, Centro Cultural Dnar Rocha, Centro Cultural Pró-Música, Centro de Memória da Igreja de Juiz de Fora, Cine-Theatro Central, Diversão e Arte Espaço Cultural, Espaço Cultural Correios, Espaço Mezcla, Estação Cultural Estúdio de Danças Silvana Marques, Forum da Cultura, Instituto Histórico e Geográfico de Juiz de Fora, Instituto Teuto-Brasileiro William Dilly, Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), Museu do Crédito Real, Museu Dinâmico de Ciência e Tecnologia, Museu Mariano Procópio, Museu Professor Lucas Marques do Amaral, Museus de Etnologia Indígena e História Natural CES/Academia de Comércio, Museu Usina Marmelos Zero, Museu de Arqueologia e Etnologia Americana, Museu Ferroviário de Juiz de Fora, Museu de Cultura Popular, Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto de Oliveira, ONG Permear, Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora, Teatro Academia, Teatro do SESC, Teatro Solar .

A FUNALFA é a responsável pela maior parte das políticas públicas de cultura promovidas pelo poder municipal. O seu superintendente, o historiador, psicopedagogo e dramaturgo Antônio Carlos Siqueira Dutra, possui um extenso currículo inserido na cultura juizforana. Em sua gestão vem privilegiando diversificadas formas de manifestações artísticas, das eruditas às populares, além de dar continuidade às ações desenvolvidas nas administrações anteriores. Assim sendo, a FUNALFA apoia atividades que vão das festas populares como Folia de Reis, Charolas de São Sebastião, Festa da Rainha do Carnaval, Pandeiro de Ouro, Carnaval, Festas das Etnias, Arraiá da Cidade e Reveillon da Cidade a eventos que disseminam a cultura erudita e a educação patrimonial como o Circuito Caminhos da Cultura, o Prêmio Amigo do Patrimônio, Festival de Bandas Novas e Mostra Braille da Biblioteca Municipal Murilo Mendes. Programas permanentes são também mantidos através da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, do projeto Biblioteca em Ação, do Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, do Museu Ferroviário, do Anfiteatro João Carriço, do Centro Cultural Dnar Rocha, das mostras de cinema e dos projetos que valorizam a preservação e a divulgação do patrimônio na região central, assim como a da memória dos bairros.

Entre os projetos mais significativos, Dutra destaca o Corredor Cultural, maratona de 40 horas ininterruptas de atividades culturais e artísticas gratuitas, inspirada na Noite Branca francesa e na Virada Cultural de São Paulo, eventos que também promovem diversificadas expressões artísticas. O Corredor Cultural reúne uma gama de artistas com apresentações musicais, teatrais, de dança, contação de histórias, artes visuais e capoeira, além do mercado das pulgas, cortejo com bonecos gigantes de Olinda, de lançamentos literários, cinema, recreação infantil, artesanato, carnaval e moda. A cidade se transforma em um grande palco. Praças, bairros, teatros, museus, centros culturais, bibliotecas são tomados por uma gama variada de atores que levam magia, sonho e encantamento à população.

O Festival Nacional de Teatro de Juiz de Fora, onde grupos e companhias teatrais de todo o país inscrevem espetáculos, é mais uma iniciativa valorosa citada pelo superintendente da FUNALFA. Com objetivos de promover encontros, reflexão, aprendizado e valorização da arte em sua linguagem teatral e proporcionar ao público o acesso a espetáculos de qualidade. A mostra de espetáculos é acompanhada por oficinas, palestras e debates o que promove diálogo e aprendizado entre os participantes.

Quando se trata da identidade cultural do município, o dramaturgo destaca que ela é conhecida por sua pluralidade. Música, teatro, artes plásticas, dança, literatura e arte popular possuem lugares similares no ranking tanto de interesse do público, quanto de artistas aptos a desenvolvê-los. Por isso a valorização da cultura local possui representatividade nas ações da Fundação.

Para manter esta variedade de ações a Prefeitura de Juiz de Fora investe aproximadamente 10 milhões de reais por ano nos projetos. As receitas para o fomento são captadas através de recursos do tesouro, do ICMS Patrimônio Cultural, leis estadual e federal de inventivo à cultura, patrocínios, parcerias e da Lei Municipal Murilo Mendes. A seleção dos projetos a serem incentivados pela última é feita pelo Conselho Municipal de Cultura – CONCULT – criado com o objetivo de democratizar a produção cultural em Juiz de Fora. Dutra lembra, no entanto, que nem todos os projetos que se inscrevem são apoiados por não estarem relacionados com os objetivos da FUNALFA. O conselho municipal é criterioso na escolha das manifestações artísticas a serem financiadas pela Lei Murilo Mendes e pelos demais mecanismos de fomento, o que faz com que todos tenham chances justas quando inscrevem seus projetos.

Pela relevância das políticas públicas de cultura, Juiz de Fora deve ser considerada pólo de referência cultural para as demais cidades da Zona da Mata Mineira, assim como já o é em saúde e educação. Por outro lado, não se considerar autossuficiente e buscar a influência mútua em pequenos e grandes centros, seja através da inspiração em viradas culturais internacionais ou na troca durante os festivais de teatro e dança na cidade,  a torna a cada dia mais atrativa e consolidada também culturalmente. A convivência é necessária e o intercâmbio cultural é produtivo, acontece e é inevitável.

Dutra define política pública de cultura como “organização do rastro que o homem deixa em sua passagem pela terra” . Neste sentido, Juiz de Fora já mapeou seus caminhos e tem condições de registrar seus passos no presente e no futuro, além de iluminar a estrada que percorrerá as políticas culturais das cidades adjacentes.

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